“A freguesia da Candelária fica situada a S.O. da Ilha do Pico a cerca de 8Km da sede do concelho”.
“Ignora-se o ano certo do descobrimento da Ilha do Pico, que foi simultaneamente com o descobrimento das restantes ilhas do Grupo Central, pois todas se avistam umas das outras. É fantasiosa e filha da ignorância a afirmação de vários cronistas de que medearam vários anos entre a descoberta do Faial e do Pico. A descoberta foi antes de 1439, pois nessa data era o Infante D. Henrique autorizado a povoar as sete ilhas dos Açores (eram ainda desconhecidas as ilhas do Corvo e Flores). A ilha chamava-se, então, de D. Dinis, e em 1460 j´tinha uma Igreja, a das Lajes, núcleo populacional estabelecido entre 1439 3 1460. O principal dos seus povoadores seria um Fernando Álvares (aliás Fernão Álvares Evangelho), de que se desconhecem outras particularidades. No entanto, em 1482, o donatário do Faial Jobet Van Hurtere (aliás Job Dutra), provido na capitania do Pico” por carta régia datada de 29 de dezembro de 1482”, supunha a ilha deserta e mandou-a povoar por colonos, que fundaram a povoação de São Mateus”. (da “Grande Enciclopédia Portuguesa e Barsileira”).
“…Job Dutra, da ilha do Faial…vendo esta ilha do Pico pela parte do sul, mandou um barco de gente para a povoar por esta parte, onde hoje é a freguesia de São Mateus (Frei Diogo das Chagas, no seu “Espelho Cristalino”, acrescenta: “…aonde a ilha faz uma ponta ao mar, e o Pico fica mais vizinho…ali fizeram sua povoação”. E esta ilha tão fragosa, que, povoando-a estes por esta parte, e outros pela outra, dois anos estiveram sem saberem uns dos outros, nos quais, o capitão Job Dutra mandou pedir a capitania e alcançou…” (Fr. Agostinho de Monte Alverne, Crónicas da Província de S. João Evangelista das Ilhas dos Açores. Ed. Do Inst. Cultura de Ponta Delgada, 1962, capº 3º).
Gaspar Frutuoso, nas suas “Saudades da Terra” narra-nos:
“Há neste porto (Prainha do Galeão), ao redor dele, seis ou sete vizinhos. Neste lugar da Calheta do Galeão o bispo D. Manuel Gouveia, visitando no ano de mil quinhentos oitenta e oito, criou uma nova freguesia, cuja igreja é da advoação de São Mateus, onde h´cinquenta e dois fogos, muito espalhados por quase quatro léguas por entre matos, e almas de confissão duzentas e onze, das quais são de comunhão cento e cinquenta e três. Serve agora de vigairo João Soares, ainda não confirmado.” (Lº 6º, pág. 290).
“Meia légua do Calhau do Galeão, de rocha mais baixa e de mato muito espesso de faias e ouros, ginjs e sanguinhos e outra madeira, que se chama o Calhau de Domingos Gonçalves , o Ruivo, feitor de António Brum da Silveira, morador nesta Ilha de São Miguel”.
“No pé dele (Pico), da banda do sul, está a freguesia já dita de São Mateus, dantes sufragânea à freguesia da Madalena, metida entre os matos, igreja muito antiga na dita ilha e de muita romagem, onde vão pelo seu dia em romaria muitas pessoas das outras ilhas; na qual há alguns homens nobres e ricos e é capitão nela da gente de guerra um Amaro Pires, criador de muito gado, de toda a sorte, e tem muitas colmeias, onde há muito mel e cera”. (Ib. Pág. 298).
“Assim que, como tenho dito, há nesta ilha do Pico duas vilas, sc., a vila das Lages, da parte do sul, que é a cabeça e a vila de S. Roque, da parte do norte, que são duas vilas e duas freguesias, sc., a de São Mateus e a da Madalena, que não tem mais de um só vigairo, que diz um domingo, ou dia santo, missa em uma delas e outra em outra, alternadamente, e a freguesia da ribeirinha na ponta do calhau Gordo, defronte de Nossa Senhor da Graça, e outra no lugar de Santa Cruz das Ribeiras, da advocação de Santa Bárbara, e outra no lugar da Prainha do Norte, de orago de Nossa Senhora da Pedade.” (Ib. Pág. 305).
Antes de se formar a freguesia de Nossa Senhora da Candelária o território dela achava-se sob a jurisdição da freguesia de São Mateus.
A primitiva igreja da Candelária foi fundada por Paulo Pais e sua mulher Madalena Rodrigues em 1936.
Primitivamente era chamada freguesia de Nossa Senhora da Candelária, vindo mais tarde a chamar-se simplesmente freguesia de Candelária. Só recentemente, em anos mais próximos dos nossos, se passou a chamar Igreja Paroquial de Nossa Senhora das Candeias.
Em 1636, aos 16 de setembro, fez-se o primeiro baptismo na Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Candelária, data esta que se toma como início desta freguesia foi então baptizada Maria, filha de Francisco Alvernaz e de sua mulher Maria Vieira, sendo padrinhos o capitão João Homem da Costa e Luzia de São José.
Gaspar Frutuoso, nas suas Saudades da Terra, livro escrito de 1583 a 1589 dá como existentes em toda a Ilha do Pico, nessa data, as seguintes freguesias: – Ssma. Trindade da Vila das Lajes, principal (com 2 Beneficiados); São Roque da Vila da Rocha do Porto (Cais) m 2ª Classe (+) (com 1 Beneficiado); São Mateus, 2ª Classe, (deve haver engano, pois São Mateus com 52 fogos só poderia ser de 3ª classe e a Madalena com 108 é que devia ser de 2ª classe) Santa Bárbara das Ribeiras, 3ª Classe; Nossa Senhora da Piedade da Ponta, 3ª Classe; Nossa Senhora da Ajuda da Prainha do Norte, 3ª Classe e Santa Maria Madalena, 3ª Classe.
Além destas sete freguesias, menciona-se como existentes os lugares: – Calhau Gordo, Calheta do Nesquim, Santa Cruz, Prainha do Galeão (Chama-se Calheta ou Calhau do Galeão), Calhau de Domingos Gonçalves e Ruivo (feitor de António de Brum da Silveira, morador na Ilha de São Miguel), Criação Velha, Lajidos, Furnas de Santo António, Cais do Norte ou Cais de São Roque, santo Amaro e Ribeirinha.
*Eram classificados de 1ª classe as que tinham mais de 200 fogos; de 2ª, de 100 a 200 e de 3ª classe, menos de 100 fogos.
O Orago da Igreja Paroquial – Nossa Senhora das Candeias, da Purificação, da Candelária, deu origem ao nome da freguesia. E de fato é este o nome mais comum por que o povo fica conhecendo e apelidando as diversas povoações. Presentemente das 17 freguesias do Pico (não falo de paróquias, que são 19), nove delas são unicamente conhecidas pelo nome do seu orago; as restantes são mais conhecidas por nomes diferentes.
Foi anexa ao concelho de São Roque do Pico pelo Decreto de 18 de novembro de 1895 que suprimiu o concelho da Madalena, voltando novamente a este pelo Decreto de 13 de janeiro de 1898 que o restaurou.
COSTA, José Carlos, in A Freguesia da Candelária nas notas do Cónego António Maria Nunes da Costa, edição – José Carlos Costa, 17-20, 2013.
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